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Lema de turma do ensino médio na cidade de Giessen faz referência ao nazismo e terrorismo, e abre debate sobre o aumento de ideologias extremistas
A formatura do ensino médio na Alemanha, conhecida como Abitur — ou Abi, na forma usada pelos alunos — é um dos momentos mais simbólicos da vida escolar no país. Com direito a camiseta personalizada, adesivos, festas e até um jornal escolar, o evento costuma ser marcado por um lema escolhido pelos próprios alunos, que representa o espírito da turma que está se despedindo da escola. Mas, em 2024, o que deveria ser uma celebração se transformou em escândalo nacional.
Na Escola Liebig, em Giessen, no estado de Hessen, algumas das sugestões de lemas apresentadas por alunos para a formatura de 2026 chocaram a comunidade escolar e toda a Alemanha. Entre elas estavam frases como "Abi macht frei" (paródia da infame inscrição nazista "Arbeit macht frei", encontrada nos portões de Auschwitz), "Abi-Akbar – De forma explosiva pelo Abitur" (em alusão a ataques terroristas islamistas), e "NSDABI – Queimem o Duden" (brincadeira macabra com o partido nazista NSDAP e a queima de livros judeus, trocando "Juden" por "Duden", famoso dicionário alemão).
As sugestões surgiram em um fórum anônimo da internet criado para que os estudantes votassem no lema da turma. Após a circulação das frases, alguns alunos relataram o caso à istração da escola. O portal foi imediatamente bloqueado e a direção convocou toda a turma para discutir o ocorrido. Em comunicado oficial, a escola afirmou: "Racismo, antissemitismo e discriminação não têm lugar em nossa comunidade escolar". A polícia abriu investigação por incitação ao ódio.
A representante estudantil Nicole Kracke desabafou à revista Der Spiegel: "Agora nós somos aqueles com o selo de nazistas. Isso dói". O episódio reacendeu um debate preocupante: até que ponto o extremismo de direita está se normalizando entre os jovens na Alemanha?
A ministra da Educação, Karin Prien, defendeu que visitas a memoriais de campos de concentração se tornem obrigatórias em todas as escolas do país. Embora 90% dos colégios já realizem esse tipo de atividade, Prien e outros especialistas acreditam que ela deve ser institucionalizada diante do crescente desconhecimento histórico. Segundo uma pesquisa da Jewish Claims Conference, 40% dos alemães entre 18 e 29 anos não sabem que cerca de 6 milhões de judeus foram assassinados durante o Holocausto.
Em Görlitz, na Saxônia, alunos do nono ano fizeram uma saudação nazista diante de Auschwitz. Em Oelsnitz, uma professora precisou ser transferida após ameaças de extremistas. Já em Wiesbaden, estudantes aplaudiram um filme educativo sobre o extermínio de judeus. Todos esses casos ocorreram neste ano.
Para Tina Dürr, vice-diretora do Centro de Democracia de Hessen, o cenário é alarmante: "Provocações e declarações extremistas de direita têm sido mais frequentes nas escolas. Recebemos cada vez mais relatos de suásticas, grafites, saudações a Hitler e músicas racistas cantadas em excursões".
Segundo o 'DW', a falta de uma política unificada entre os estados para registrar esses incidentes dificulta uma visão completa do problema. No entanto, levantamento feito pelo jornal Die Zeit com secretarias estaduais do Interior revelou um aumento de pelo menos 30% nos incidentes de extrema direita em escolas em 2024.
Para muitos, a escola reflete o que acontece na sociedade alemã. O crescimento da Alternativa para a Alemanha (AfD), partido com setores considerados extremistas, ajuda a explicar por que posições misóginas, racistas e antidemocráticas têm ganhado espaço entre os jovens. A AfD, por exemplo, propaga em suas redes sociais conteúdos que exaltam a masculinidade tóxica e desvalorizam mulheres e pessoas LGBTQIA+.
A desvalorização das mulheres e o retorno a papéis familiares tradicionais, ambos típicos do extremismo de direita, estão de novo em alta. E isso está se refletindo nas escolas", alerta Dürr.
O presidente da Associação de Professores Alemães, Stefan Düll, defende ação rigorosa diante de atitudes extremistas: "Mesmo que o aluno tenha só 13 anos, é preciso denunciar à polícia. Isso tem um peso muito maior do que apenas medidas disciplinares internas".
Para Düll, a perda da conexão familiar direta com o período nazista dificulta o ensino da memória histórica: "Hoje, muitos alunos têm pais e avós que não viveram na Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial, ou nasceram depois dela. A ligação emocional com o ado está se perdendo".