Thriller policial surpreende não apenas pelo enredo surpreendente, mas também por se tratar de um crime real — um dos caso mais chocantes da história da Espanha
Publicado em 03/06/2025, às 17h30 - Atualizado em 06/06/2025, às 07h20
O novo thriller policial 'O Jogo da Viúva' é atualmente um dos filmes mais assistidos pelos s da Netflix. Além do enredo surpreendente, o que mais chama atenção na produção é que ela é inspirada em um crime real — um dos caso mais chocantes da história da Espanha, que envolve manipulação, infidelidade a assassinato.
Dirigido por Carlos Sedes (o mesmo responsável pelo documentário 'O Caso Asunta'), 'O Jogo da Viúva' se a em agosto de 2017, quando um corpo é encontrado em um estacionamento de Valência.
A vítima é Arturo Ferrer Puig, que há menos de um ano havia se casado com a jovem Maje. Para o caso, foi designada a experiente detetive de homicídios Eva, que logo percebe que a narrativa de Maje tem lacunas — e todos os sinais começam a apontar para um crime ional.
Por que uma pessoa considera que é melhor cometer um assassinato do que se divorciar? Essa foi a pergunta que me intrigou quando li pela primeira vez a notícia sobre o crime de Maje e Salvador", disse o produtor executivo Ramón Campos à Netflix.
"Ao longo dos anos, temos tentado desvendar a resposta e achamos que entendemos, mas não compreendemos, por que Maje decidiu manipular Salvador para ass uma pessoa que era, sem dúvida, uma boa pessoa. Porque este filme não é sobre a vítima. É sobre os assassinos. Porque, às vezes, a resposta para nossas ações não está em quem somos, mas de onde viemos", continuou.
'O Jogo da Viúva' é baseado no crime real que aconteceu em Valência, conhecido como 'La Viuda Negra de Patraix' ('A Viúva Negra de Patraix'). A trama, porém, muda o nome de seus personagens: Maje é baseada em María Jesús Moreno, enquanto o seu falecido marido, Arturo, foi inspirado em Antonio Navarro, de 35 anos. O homem que executou o crime foi o namorado de Maje, Salvador Rodrigo.
Conforme repercute a revista espanhola La Razón, María Jesús Moreno tinha 27 anos quando seu esposo, Antonio Navarro, foi assassinado. Mas antes de mais detalhes sobre o crime, precisamos entender como começou a relação deles.
María foi criada em uma família religiosa ao lado de quatro irmãos. Ela conheceu Antonio quando estudava enfermagem. A vítima frequentava a mesma universidade que seu irmão. Eles se tornaram amigos e Antonio ou a visitar sua casa com frequência. Eles começaram a namorar, oficialmente, em 2011, quando María tinha 21 anos e ele 30.
Posteriormente, o casal se mudou para um apartamento em Valência, no bairro de Patraix — daí a alcunha que ela recebeu. Nessa fase da relação, Antonio era funcionário do Centro de Manutenção de Estradas El Rebollar, enquanto María era contratada do Hospital Casa de la Salud.
Eles se casaram em 3 de setembro de 2016, mas antes mesmo da data, a mulher já tinha fama de ser "infiel", repercute a Forbes. Antonio, inclusive, chegou a descobrir sobre a relação da esposa com o fisioterapeuta e pretendia cancelar o casamento, mas voltou atrás após ela convencê-lo de que ele era o amor de sua vida.
O jornal La Razón recorda que a relação entre Salvador Rodrigo e María começou quando os dois trabalhavam no mesmo hospital — sendo que o amante era 20 anos mais velho que ela, casado e pai de uma menina de quase 30 anos.
O veículo ainda aponta que os dois se encontravam em segredo, trocavam cartas e que Rodrigo até mesmo tentou deixar sua família para ficar com María. A relação entre eles continuou mesmo após o casamento. E não só isso, María se envolveu em outros casos extraconjugais nesse mesmo período.
O casal de amantes teria começado os planos de ass Antonio durante um almoço na casa de campo de Salvador em Ribarroja. Na ocasião, a mulher contou que sofria abusos psicológicos do marido e disse ao amante que queria vê-lo morto. Assim, eles elaboraram um plano meticuloso e determinaram que a melhor maneira de matá-lo seria na garagem de sua casa — num dia conveniente para os trabalhos de ambos.
Posteriormente, Salvador confessou que, antes do assassinato, começou a ficar nervoso e chegou a expressar suas hesitações sobre matar uma pessoa. Mas María o pressionou a seguir em frente.
O crime aconteceu às 7h30 da manhã de 16 de agosto de 2017, quando Antonio estava saindo para o trabalho. Salvador se escondeu na garagem do prédio do casal, armado com uma faca de cozinha, descreve a TIME. Quando Antonio chegou no espaço, ele o esfaqueou até a morte — com golpes que perfuraram seus pulmões e o coração.
Antonio, então jogou a arma do crime em uma fossa séptica de sua propriedade e se desfez das roupas ensanguentadas. Logo depois, foi se encontrar com María, que esteve longe do apartamento durante toda a cena.
A, agora, viúva, começou a representar seu papel de enlutada. Durante o funeral de Antonio, aliás, ela leu uma carta de despedida que emocionou a todos.
Depois que a polícia esgotou as possibilidades de um crime motivado por roubo, os investigadores começaram a se concentrar em María — grampeando o telefone da megera. Foi quando descobriram uma mensagem dela para uma amiga itindo se sentir livre após a morte do marido e se dizendo feliz por estar recebendo uma pensão de mais de mil euros.
Sob vigilância, os investigadores também interceptaram a primeira ligação de María para Salvador após o crime, feita em 8 de novembro de 2017, na qual eles tiveram uma das muitas conversas incriminatórias.
Já em 2 de janeiro de 2018, eles se encontraram pessoalmente para discutir o que fariam caso María fosse novamente interrogada pela polícia. Dez dias depois, o casal de amantes foi preso.
Salvador chegou a tentar assumir integralmente a responsabilidade pelo ato, mas mudou de versão quando soube que María estaria tendo um caso amoroso com outro detento que estava sob custódia.
No meu depoimento anterior, eu disse que foi tudo ideia minha. Mas fomos nós dois", disse Salvador em uma gravação exibida no final de 'O Jogo da Viúva'.
A defesa dele alegou que Salvador era vítima do amor obsessivo que sentia por María. Ele também disse que sofreu abuso psicológico e físico por parte dela. A TIME aponta que María disse que, caso seu marido morresse, ela não precisaria se divorciar e poderia ficar com a herança dele.
Em outubro de 2020, um júri considerou María e Salvador culpados. A esposa foi condenada a 22 anos de prisão por homicídio com a agravante de parentesco. Já Salvador pegou uma pena de 17 anos. Além disso, ambos foram condenados a pagar 250 mil euros em danos à família de Antonio.
Atualmente, María cumpre pena na Prisão de Fontcalent, em Alicante, na Espanha. A Forbes aponta que ela engravidou de outro detento e, em julho de 2023, deu à luz sob custódia policial. Por conta disso, ela reside na unidade materno-infantil da prisão, onde pode ficar com o bebê até que ele complete três anos.
Sabe-se que o pai do bebê se chama David, um prisioneiro que foi condenado por um assassinato em 2008. Eles teriam se conhecido enquanto cumpriam pena na Prisão de Picassent.
