Datada de cerca de 1830, a camisinha teria sido souvenir de luxo de um bordel sofisticado e contém uma gravura erótica de freira e clérigos
Redação Publicado em 03/06/2025, às 13h21
Uma camisinha com cerca de 200 anos, provavelmente feita a partir do apêndice de um carneiro, entrou para a coleção do Rijksmuseum, em Amsterdã, e será exibida nesta semana ao lado de obras de mestres holandeses do século 17. Trata-se do primeiro preservativo a integrar oficialmente o acervo do museu.
Datada de cerca de 1830, a peça teria sido usada como souvenir de luxo em um bordel sofisticado, possivelmente em Paris. Ela traz uma ilustração erótica: uma freira parcialmente despida aponta para os genitais eretos de três clérigos, sob a legenda “Voilà, mon choix” (“Aí está, essa é minha escolha”).
Segundo a curadora Joyce Zelen, a imagem faz alusão ao mito grego do Julgamento de Páris, no qual o príncipe troiano escolhe entre três deusas. “Acreditamos que quem adquiriu essa camisinha era alguém sofisticado e bem instruído”, contou ao The Guardian.
Em comunicado, o museu informou que a camisinha foi comprada em um leilão na cidade de Haarlem por € 1.000 (cerca de R$ 6,4 mil). O item agora é destaque da exposição “Sexo seguro?”, que reúne gravuras e desenhos ses e holandeses sobre sexualidade, saúde e prostituição.
Antes da popularização da borracha vulcanizada, em 1839, preservativos eram produzidos com linho, membranas de animais e até cascos de tartaruga. Esses materiais ofereciam pouca proteção contra infecções como a sífilis ou contra gravidez.
Segundo Zelen, na época, seu uso era malvisto, sobretudo pela Igreja Católica. “Eles eram vendidos discretamente em bordéis ou barbearias, embora algumas lojas de luxo oferecessem modelos sob medida”, disse.
Com 20 centímetros de comprimento, o objeto parece ter servido mais para propaganda do que para uso. Análises com luz ultravioleta indicam que nunca foi utilizado. Sobre a ilustração, a curadora observa que não está claro qual dos três homens está sendo apontado pela freira — o calvo, o magro ou o mais robusto. “Assim, qualquer tipo de homem podia se sentir incluído", concluiu.
