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Falecido em 1987, Primo Levi foi uma das maiores testemunhas do Holocausto e transformou suas memórias em arte
Primo Levi nasceu em 1919 e formou-se em química, o que provavelmente salvou a sua vida. Em 1943, Mussolini, seus seguidores e o exército alemão fundaram a República Social Italiana, um regime agora abertamente nazista.
Levi e outros judeus proscritos juntaram-se aos resistentes dispostos a combater com armas o exército nazi – fascista. Entretanto, sem qualquer preparo militar e mal sabendo como funciona um fuzil, eles foram rendidos. Os que sobreviveram, foram enviados para o campo de concentração de Auschwitz.
Levi sobreviveu graças a seus conhecimentos de química, que os nazistas aproveitaram nas fábricas próximas ao Campo.
Ele voltou a Itália e escreveu o livro "É isto um Homem", que além de ser um depoimento fulminante do regime de Hitler e de seus crimes contra a humanidade, é também uma obra-prima literária.
Expõe situações físicas e espirituais da existência humana. São inúmeros os trechos relevantes do livro. Em minha opinião, o que mais marcou foi um relato do único contato pessoal com um soldado da SS. Em resumo:
O tempo máximo de sobrevivência dos detentos de Auschwitz era de 3 meses. Além do trabalho exaustivo e a falta de alimentos, a sede e a consequente desidratação potencializava o efeito da fome no verão.
Os detentos só poderiam beber água em determinados momentos do dia. Levi, à beira da morte, encontrou um pingente de gelo na porta do barraco onde dormia. Incapaz de resistir, quebrou o pingente para lambê-lo. Neste momento ou um guarda do SS, arrancou o gelo da mão de Levi, e arremessou-o na lama. Sentindo que não tinha mais nada a perder, ele interpelou o guarda:
- Mas… Por quê?
Em vez de fuzilá-lo, o guarda fez pior. Respondeu com toda a empáfia e presunção dos todo poderosos: ----- Porque eu posso.
E podia mesmo. Neste momento o guarda havia retrocedido 4.000 anos, descartou sua porção judia (que todos nós cristãos, judeus e muçulmanos portamos na alma), descartou os Dez Mandamentos e seu imperativo “Não matarás”. Conseguiria, mais que isto, devia matar judeus e outras raças inferiores. Pelas leis de Nuremberg e pela ordem das autoridades.
Mas Primo Levi sobreviveu. Voltou para sua Itália, continuou a exercer a sua profissão de químico, mas, para sorte dos seus contemporâneos e de seus descendentes, não abandonou a literatura e deixou uma série de obras preciosas para a posteridade.
Faleceu em circunstâncias um tanto nebulosas em 1987, quando seu corpo inanimado foi encontrado no fundo do vão da escadaria do prédio onde morava. Ele tirou a própria vida, foi o veredito das autoridades. Não se sabe ao certo.
Elie Wiesel, seu contemporâneo, também sobrevivente de Auschwitz e grande escritor, deu sua palavra final: “Primo Levi não morreu agora. Ele morreu em Auschwitz há 40 anos.”